A única diferença entre o raio X do raio gama é sua origem, a radiação gama tem origem natural, sendo emitida diretamente do núcleo do átomo, enquanto os raios X são sintéticos. Há um tempo, diferenciava-se esses dois tipos de radiação eletromagnética por sua energia, tanto que na maioria dos espectros eletromagnéticos (inclusive o que apresentamos anteriormente) o raio X encontra-se antes do Raio Gama, porém atualmente é possível produzir um raio X tão energético ou até mais energético que a radiação gama.
Produção de Raios X
Raios X são produzidos pelo bombardeamento de um material de alto número atômico com elétrons de grande velocidade (ou de grande energia cinética). Este processo para produção de raios X de kilovoltagem geralmente ocorre em um tubo de raios X, que nada mais é do que uma ampola de vidro ou metal, com vácuo em seu interior, que possui um filamento metálico em uma extremidade, denominada cátodo, e um alvo metálico na outra extremidade, denominada ânodo.
Dentro do tubo de raios-X existe uma grande diferença de potencial, devida a uma voltagem aplicada entre o cátodo e o anôdo. Para a produção de raios X, o filamento metálico é aquecido com a passagem de uma corrente elétrica, produzindo elétrons (efeito termoiônico). Estes elétrons são acelerados pela diferença de potencial em direção ao anôdo e nessa colisão parte de sua energia é convertida em raios X. Fisicamente, essa conversão de energia pode ocorrer por dois processos:
1- Produção de raiosX de espectro característico
Quando os elétrons de alta energia incidem no material alvo, podem remover elétrons das camadas mais internas dos átomos do alvo, deixando uma lacuna na eletrosfera do átomo. Para que o material do alvo volte ao seu estado normal ocorre a transição de um elétron de uma camada mais externa para esta lacuna mais interna. Acompanhando esse rearranjo, radiação X é produzida. Esta radiação é chamada de característica porque sua energia é discreta e tem um valor característico da diferença de energia entre as camadas inicial e final do elétron envolvido na transição.
2- Produção de raios X de espectro contínuo
Quando os elétrons de alta energia incidem no material alvo, podem sofrer grandes alterações em sua trajetória devido a interações da sua carga elétrica com o campo elétrico dos núcleos dos átomos do material alvo. Dessa forma, os elétrons ao mudar de direção de propagação, reduzem sua energia cinética e emitem a diferença de energia na forma de raios X. Esta radiação é conhecida como radiação de fretamento ou bremsstrahlung e depende da interação sofrida pelo elétron, podendo assumir um valor desde zero, para interação nula, até o valor máximo da energia do elétron incidente, para o caso em que o elétron é completamente freado pelo núcleo.
O feixe de raios X final produzido em tubo de raios-X depende destes dois processos, o que se reflete no espectro resultante produzido, ou seja, na intensidade de raios X produzidos para cada energia do feixe. É importante destacar que apenas 1% de toda energia dos elétrons incidentes no material alvo é convertida em raios X, os demais 99% são perdidos em forma de calor.
O espectro final de raios X pode ser alterado em função da modificação de alguns parâmetros no tubo de raios X, como por exemplo:
– A voltagem aplicada no tubo
No interior do tubo de raios X, os elétrons são acelerados em direção ao alvo devido a diferença de potencial existente na ampola. A máxima energia dos fótons que emergem de uma ampola é a máxima energia dos elétrons que atingem o alvo. Assim, alterando-se a voltagem aplicada, altera-se a energia máxima do feixe produzido.
– A corrente no tubo
A emissão total dos raios X depende do número de elétrons que atingem o alvo, quanto maior a corrente no tubo, maior o número de elétrons colidindo com o alvo e portanto maior produção de radiação.
– O material do alvo
A quantidade de raios X produzidos é proporcional ao número atômico Z do alvo, quanto maior o número atômico do material do alvo, maior a quantidade de raios X produzidos.
Para finalizar, vale destacar que todo o processo descrito até aqui é usado na produção de feixes raios X de quilovoltagem, uma vez que com estes tubos, não é possível acelerar os elétrons até energias mais altas. Para produção de raios X de maior energia, na faixa de megavoltagem, o processo todo se baseia no choque dos elétrons como material alvo da mesma forma que descrito aqui, no entanto, mecanismos diferentes para aceleração dos elétrons são empregados.